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Geoprocessamento

GEOPROCESSAMENTO – um breve histórico.

NO MUNDO

Muitos autores e estudiosos do uso do Geoprocessamento como ferramenta para o gerenciamento da informação e facilitadora para a tomada de decisão cita a investigação dos casos de cólera realizada por John Snow na Londres do século XIX, como o primeiro registro do uso de mapeamento unindo cartografia e investigação epidemiológica. Graças ao pensamento intuitivo associado ao mapeamento dos casos foi possível identificar a fonte de água contaminada.

Nos tempos atuais temos as primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 50, com o objetivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção de mapas. Dada a precariedade da informática na época, e a especificidade das aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, na Inglaterra, e estudos de volume de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não podem ser classificados como “sistemas de informação”.

Os primeiros Sistemas de Informação Geográfica surgiram na década de 60, no Canadá, como parte de um programa governamental para criar um inventário de recursos naturais. Estes sistemas, no entanto, eram muito difíceis de usar: não existiam monitores gráficos de alta resolução, os computadores necessários eram excessivamente caros, e a mão de obra tinha que ser altamente especializada e caríssima. Não existiam soluções comerciais prontas para uso, e cada interessado precisava desenvolver seus próprios programas, o que demandava muito tempo e, naturalmente, muito dinheiro. Além disto, a capacidade de armazenamento e a velocidade de processamento eram muito baixas.

Ao longo dos anos 70 foram desenvolvidos novos e mais acessíveis recursos de hardware, tornando viável o desenvolvimento de sistemas comerciais. Foi então que a expressão GIS – Geographic Information System – foi criada. Foi também nesta época que começaram a surgir os primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador), que melhoraram em muito as condições para a produção de desenhos e plantas para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas de cartografia automatizada. Também nos anos 70 foram desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia, incluindo questões de geometria computacional. No entanto, devido aos custos e ao fato destes proto-sistemas ainda utilizarem exclusivamente computadores de grande porte, apenas grandes organizações tinham acesso à tecnologia.

A década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistemas de informação geográfica inicia um período de acelerado crescimento que dura até os dias de hoje. Até então limitados pelo alto custo do hardware e pela pouca quantidade de pesquisa específica sobre o tema, os GIS se beneficiaram grandemente da massificação causada pelos avanços da microinformática e do estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, a criação dos centros de pesquisa que formam o NCGIA – National Centre for Geographical Information and Analysis (NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do Geoprocessamento como disciplina científica independente. Graças à grande popularização e barateamento das estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos computadores pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de dados relacionais, ocorreu uma grande difusão do uso de GIS. A incorporação de muitas funções de análise espacial proporcionou também um alargamento do leque de aplicações de GIS. Nos final do século XX, observa-se um grande crescimento do ritmo de penetração do GIS nas organizações, sempre alavancado pelos custos decrescentes do hardware e do software, e também pelo surgimento de alternativas menos custosas para a construção de bases de dados geográficas.

NO BRASIL

A introdução do Geoprocessamento no Brasil inicia-se a partir do esforço de divulgação e formação de pessoal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva (UFRJ), no início dos anos 80. A vinda ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlinson, responsável pela criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical Information System), incentivou o aparecimento de vários grupos interessados em desenvolver tecnologia, entre os quais podemos citar:

1. UFRJ: O grupo do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ, sob a orientação do professor Jorge Xavier, desenvolveu o SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental).

2. MaxiDATA: os então responsáveis pelo setor de informática da empresa de aerolevantamento AeroSul criaram, em meados dos anos 80, um sistema para automatização de processos cartográficos.

3. CPqD/TELEBRÁS: O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS iniciou, em 1990, o  desenvolvimento do SAGRE (Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa), uma extensiva aplicação de Geoprocessamento no setor de telefonia.

4. Em 1984, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espacias) estabeleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia de geoprocessamento e sensoriamento remoto (a Divisão de Processamento de Imagens – DPI).

Geoprocessamento e Saúde

A identificação de grupos populacionais submetidos a risco é uma tarefa imprescindível para a elaboração de programas preventivos e como meio de avaliação de exposições diferenciadas. A localização destes grupos no espaço permite um maior detalhamento do contexto social e ambiental em que estas exposições ocorrem, ao mesmo tempo que introduz novas variáveis, intrínsecas ao espaço, que podem dificultar sua interpretação (Jolley et al., 1992; Barcellos & Bastos, 1996).

A investigação da relação entre fatores ambientais e efeitos sobre a saúde pressupõe uma seqüência de eventos do processo de produção de doenças representada por uma acumulação de riscos em determinados lugares delimitáveis e identificáveis no espaço. Os agravos à saúde em grupos sociais podem ser conseqüência da distribuição desigual, no espaço, de fontes de contaminação ambiental, da dispersão ou concentração de agentes de risco, da exposição da população a estes agentes e das características de suscetibilidade destes grupos (Corvalán et al., 1996).

Grande parte destes determinantes à saúde são passíveis de localização no espaço. Através da união entre os processos desencadeadores de riscos ambientais, pode-se estabelecer uma complementaridade de eventos que permitem a análise globalizada de riscos à saúde (Briggs, 1992). A análise ecológica de dados ambientais e epidemiológicos pode permitir, mais que uma verificação de associações entre estes fenômenos, uma melhor compreensão do contexto em que se produzem os processos sócio-espaciais (Susser, 1994).

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) têm sido utilizados como ferramenta de consolidação e análise de grandes bases de dados sobre saúde e ambiente. Estes sistemas permitem a captura, armazenamento, manipulação, análise e exibição de dados georreferenciados, isto é, relacionados a entidades gráficas com representação espacial.

Desde muito tempo o homem utiliza características significativas da superfície da Terra para orientar-se, seja para a sobrevivência ou para a conquista de novas áreas. Essas características podem ser organizadas em mapas ou imagem, e assim, formando dados geográficos, que quando medidos ou observados em um sistema de coordenadas conhecidas temos a localização geográfica.

Com o significativo aumento no número de dados, tornou-se quase impossível mapeá-los manualmente. A necessidade de conseguir manipular esta grande quantidade de dados levou ao desenvolvimento de ferramentas automáticas e computadorizadas.

As ferramentas computacionais para geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georeferenciados.

1. No ambiente de um SIG podemos unir dados espaciais (localização) dos agravos à saúde com dados que caracterizam o ambiente como: tipo de vegetação, índice pluviométrico anual, presença de canais de drenagem, rios, lagos.

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs) têm sido apontados como instrumentos de integração de dados ambientais com dados de saúde, permitindo uma melhor caracterização e quantificação dos agravos e seus possíveis determinantes.

Os dados dos SIGs podem ser georeferenciados numa imagem de satélite, através de um software específico, para produzir um mapa temático – sobre um fundo geográfico básico é adicionado dados geográficos, geológicos, demográficos, econômicos, entre outros, caracterizando o ambiente, com o objetivo de facilitar o estudo e a análise de determinado tema ou assunto.

O setor saúde no Brasil é detentor de um extenso banco de dados que abrange informações vitais, de morbidades, gerenciais e contábeis (BARCELLOS, 2002; SKABA et al, 2004). Estes dados podem ser utilizados através de programas computacionais para um diagnóstico mais preciso da saúde das comunidades, facilitando a implantação de modelos eficazes de programas de prevenção e controle de endemias, por exemplo. Também auxiliando no monitoramento e gerenciamento diários dos trabalhos pelos administradores de saúde pública.

Assim como vários órgãos federais vêm construindo bases de dados que podem ser utilizados em ambiente SIG, também podemos analisar os eventos regionais e gerenciar os programas de controle e vigilância ambiental, por exemplo.

Num país de dimensão continental como o Brasil, com uma grande carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre problemas urbanos, rurais e ambientais, o Geoprocessamento apresenta um enorme potencial.

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