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O que são cidades inteligentes e como elas formam o futuro sustentável

A transformação das cidades envolverá vários desafios nos próximos anos, segundo a revista portuguesa Exame Informática. A questão pontuada pela reportagem é que não se trata mais de definir as cidades inteligentes a partir de parâmetros como eficiência energética e adoção de políticas de sustentabilidade, mas sim de admitir que talvez só as cidades inteligentes serão sustentáveis no futuro. O argumento faz sentido, pois dentro de 30 anos seremos mais de 10 bilhões de pessoas, majoritariamente vivendo em regiões urbanas. Para entender melhor o assunto, criamos este guia rápido com exemplos reais sobre o tema:visao.sapo.pt/…/2021-03-29-no-futuro-so-as-cidades-inteligentes-serao-sustentaveis

 

 Cidades inteligentes em resumo

Pensar em cidades inteligentes ou smart cities, como são conhecidas em inglês, pode ser um exercício complexo, mas felizmente temos especialistas que se dedicaram a isso. É o caso de Amy Glasmeiera e Susan Christopher, do Departamento de Estudos Urbanos e Planejamento do MIT. Elas são autoras do relatório Thinking about smart cities e resumem a avaliação de vários especialistas no tema.

Segundo as especialistas, as sementes do conceito de cidades inteligentes podem ser encontradas em uma série de conversas entre estudiosos e profissionais na década de 1980. Os exemplos da época tinham em mente realidades como as do Vale do Silício ou então falavam de futuros centros urbanos com informações avançadas e complexos de fibra óptica. Hoje, conforme a reportagem da Exame Informática, os especialistas citam a inevitável adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), WiFi, Big Data, Cloud Computing e Mobile apps, suportadas por infraestruturas de fibra ótica, redes Móveis 4G/5G, data centers, e dispositivos adequados que permitirão responder aos desafios e à visão transformadora das zonas urbanas.

“Uma cidade inteligente usa tecnologia da informação e comunicação (TIC) para melhorar a eficiência operacional, compartilhar informações com o público e fornecer uma melhor qualidade de serviço governamental e bem-estar do cidadão”, resume a consultoria de engenharia TWI.

 Anatomia das cidades inteligentes

Como destaca o Thales Group, as cidades inteligentes não são apenas um conceito ou um sonho do futuro, mas muitas delas começam a ganhar corpo graças a soluções inovadoras baseadas, por exemplo, na Internet das Coisas (IoT). Outro caminho possível é o uso de tecnologias celulares e sem fio de baixa potência (LPWAN) para conectar e melhorar a infraestrutura, eficiência, conveniência e qualidade de vida para residentes e visitantes.

Exemplos não faltam: semáforos conectados recebem dados de sensores e carros, podendo ajustar a cadência e o tempo da luz para responder ao tráfego em tempo real, reduzindo o congestionamento nas estradas. Carros conectados podem se comunicar com parquímetros e plataformas de carregamento de veículos elétricos (EV) e direcionar os motoristas para o local disponível mais próximo. E mais: latas de lixo inteligentes enviam dados automaticamente para empresas de gerenciamento de resíduos e agendam a coleta conforme necessário em comparação com um cronograma pré-planejado.

Esgoto monitorado via sensores

Uma cidade inteligente é também sustentável e a norte-americana South Bend é exemplo disso. Ela deverá economizar US$ 400 milhões com um projeto de esgoto inteligente, que inclui um sistema com 165 sensores e softwares ativados em toda a bacia hidrográfica da cidade, gerenciando 13 portões e válvulas automatizadas.

O projeto foi endossado pela Autoridade de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ). A EPA, o DoJ e a cidade de South Bend assinaram originalmente um decreto de consentimento em 2012, em resposta à envelhecida infraestrutura de esgoto da cidade que frequentemente transbordava, descarregando milhões de litros de esgoto e águas pluviais no histórico Rio St. Joseph a cada ano.

O plano para resolver o problema foi definido para custar aos contribuintes de South Bend US$ 713 milhões em melhorias de capital. Mas as partes anunciaram que estão alterando o acordo original com um plano revisado baseado na tecnologia de “esgoto inteligente”. A nova abordagem da cidade, usando a solução de otimização de rede de águas residuais, oferece “melhor proteção com custo mais baixo”, de acordo com a EPA.

 

Iluminação pública eficiente

Outro exemplo que vem dos Estados Unidos é o projeto de eficiência energética liderado pela concessionária de serviços públicos NYPA, em Utica, no estado de Nova York. A utilitie concluiu um programa de iluminação pública inteligente e eficiência energética ao instalar, em parceria com a prefeitura local, um total de 7.140 postes de luz LED inteligentes, como parte do Smart Street Lighting NY .

A iniciativa é um programa com a meta de substituir 50 mil postes de luz por modelos inteligentes e com baixo consumo de energia até 2025. No estado de Nova York, outros 286 mil postes de luz inteligentes foram instalados como parte do programa, incluindo as cidades de Albany, Rochester, Syracuse e White Plains.

A NYPA financiou o projeto de US$ 11,1 milhões para a cidade de Utica. Alguns sistemas de gerenciamento de ativos e postes de LED foram instalados para operação em tempo real dos postes de luz, com relatórios automatizados de interrupções e para reduzir os custos de energia associados a manter a cidade iluminada e segura. Espera-se que o projeto retorne US$ 1,5 milhão em economia anual.

Os modelos de LED instalados são de 50% a 65% mais eficientes energeticamente em comparação com outros no mercado ou postes de luz existentes que estão sendo substituídos. A tecnologia instalada permite que a cidade diminua ou aumente remotamente a capacidade de iluminação dos postes de rua. Espera-se que o programa abra caminho para cidades inteligentes e aplicações de redes inteligentes, com os postes sendo usados ​​para instalar câmeras, sensores meteorológicos, medidores inteligentes e a rede para fornecer serviços WI-Fi.

Economia circular do lixo

Bratislava, a capital da Eslováquia, é um modelo de cidade europeia que está endereçando a questão do lixo, ao mirar na independência da reciclagem e gestão inteligente de resíduos. Em parceria com a empresa municipal de gestão de resíduos Odvoz a likvidácia odpadu (OLO), a cidade adquiriu uma linha de triagem automatizada moderna e negociou a rescisão do contrato com a antiga responsável.

Bratislava tem agora a ambição de aumentar a taxa de classificação, e especialmente a reciclagem de plásticos selecionados, do atual nível de 10% a 15% para 45%, no curto prazo. O aumento é considerado importante não só para Bratislava como cidade, mas também para o ambiente, uma vez que uma melhor separação dos resíduos para reciclagem antes da recuperação poupa recursos fósseis primários e florestas, o que tem um impacto direto na descarbonização e mitigação das alterações climáticas.

Outra novidade é o projeto para digitalizar a coleta de lixo e torná-la econômica e ecologicamente correta, iniciado em cooperação com a Sensoneo, fornecedora de soluções inteligentes de gestão de resíduos para cidades e empresas.

Apoiada por uma subvenção do Conselho Europeu de Inovação, a iniciativa inclui a instalação de sensores Sensoneo em recipientes de lixo de vidro e lixeiras subterrâneas em Bratislava, colocando dispositivos em caminhões de lixo para verificar automaticamente as coletas e otimizar a rota. Com este projeto, a cidade espera economizar na quilometragem e emissões relacionadas à coleta de lixo, além de melhorar sua capacidade de intervir rapidamente no caso de contêineres sobrecarregados.

Redes inteligentes economizam energia

Um novo estudo da Juniper Research descobriu que as implantações globais de redes inteligentes levarão a uma economia anual de energia de 1.060 terawatts-hora até 2026. É um aumento de 774 terawatts-hora em relação aos números de 2021. A pesquisa identificou o aumento da sustentabilidade e da segurança energética como essenciais para o apelo das redes inteligentes, com análises e redes responsivas à demanda capazes de ter um impacto importante em um futuro repleto de energias renováveis.

No caso de cidades inteligentes e sustentáveis, o destaque do estudo são os medidores de nova geração. O estudo descobriu que as implementações desse tipo de dispositivos estão aumentando, com medidores inteligentes globais em serviço definidos para alcançar mais de 2 bilhões em 2026 (comparados com os 1,1 bilhão em 2021). Embora isso represente um crescimento de 95%, a adoção global é muito desigual com mercados como América Latina, África e Oriente Médio que ficam significativamente atrás da Europa Ocidental, Extremo Oriente e China.

O relatório prevê que os fornecedores que conseguirem combinar melhor as análises que fornecem insights operacionais para empresas de energia, com sensores de baixo custo e conectividade, alcançarão o maior sucesso.

Mobilidade urbana do futuro

Assim como o uso eficiente de energia e a economia circular do lixo, entre outras iniciativas, a mobilidade futura também moldará as cidades inteligentes. E três forças estão envolvidas nesse assunto: provedores de serviços de mobilidade, operadoras de transporte público e municípios. Todas as três podem se beneficiar do conceito de uma cidade inteligente, segundo artigo da revista Automotive World. Mas elas têm que colaborar.

As autoridades, por exemplo, podem agilizar o funcionamento de suas cidades e torná-las mais eficientes, economizando dinheiro e gerando novas receitas públicas.

De acordo com duas pesquisas recentes da Accenture, os serviços de mobilidade têm o potencial de criar um enorme valor econômico. O mercado de serviços de mobilidade na China, nos EUA e na Alemanha cresceu para mais de US$ 140 bilhões na última década, e esse número mais que triplicará até 2030. Além da vantagem financeira, os serviços de mobilidade podem se tornar essenciais para enfrentar duas das questões mais urgentes da vida urbana: emissões de carbono e cidades superlotadas. As municipalidades, aliás, têm um papel fundamental, pois podem estabelecer regulamentos como preços para vagas de estacionamento ou pedágios. Ou seja: tornam-se um facilitador-chave para serviços de mobilidade.

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