Page 4 - CATÁLOGO MONUMENTOS HISTÓRICOS
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PATRIMÔNIO PATRIMÔNIO
SUPERINTENDÊNCIA DO CENTRO CULTURAL SUPERINTENDÊNCIA DO CENTRO CULTURAL
DE INFORMAÇÕES E DADOS DE CAMPOS DE INFORMAÇÕES E DADOS DE CAMPOS
DE CAMPOS DOS GOYTACAZES DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
NILO PEÇANHA
Nilo Peçanha nasceu no dia 2 de outubro de 1867, em Campos dos Goytacazes. Filho de Se-
bastião de Souza Peçanha, que era padeiro e Joaquina Anália de Sá Freire, que fazia parte de
uma família com relativa relevância política na região. Durante sua infância humilde e ligada ao
campo, em Morro do Coco, cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento
dos escravos. Formou-se pela faculdade de Direito de Recife em 1887, exerceu a advocacia e o
jornalismo, sendo um defensor da república e da abolição da escravatura.
Com a mudança na forma de governo (da Monarquia para a República), foi eleito deputado da
Assembleia Nacional Constituinte, pelo partido republicano, em 1890. Realizou dois mandatos
como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, entre 1891 e 1903. Elegeu-se presidente do Estado
do Rio de Janeiro (governador) em 1903, quando inaugurou o famoso Palácio do Ingá, em Ni-
terói.
Em 1906 foi eleito vice-presidente do Brasil na chapa de Afonso Pena e, em 1909, assumiu a
presidência do país, em virtude da morte político mineiro. Nilo foi o único presidente negro do
país, um dos grandes defensores da liberdade, mas teve sua trajetória de vida privada e pública
marcada por obstáculos derivados do racismo na sociedade brasileira, inclusive sendo ridicu-
larizado e atacado em charges da época. Isto fez com que Nilo tivesse constantemente negado
suas origens africanas através de discursos e maquiagens para esconder nas fotografias o seu tom
de pele. Seu casamento não era aceito pela sua sogra, que sempre se manteve afastada do casal.
Teve um grandioso legado: recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos
regionais; criou lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas;
criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes
de Artífices, conhecidas atualmente como IFF); o Serviço de Inspeção Agrícola; a Diretoria da
Indústria Animal; a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio (hoje FUNAI).
Além disso, foram reorganizados o Jardim Botânico, o Museu Nacional e a Junta Comercial.
Também ajudou no desenvolvimento da Estrada de ferro Leopoldina.
Seu busto, esculpido em bronze pelo artista Corrêa Lima, foi inaugurado em 05 de Novembro
de 1916, está exposto ao lado da sede da Academia Campista de Letras. Nilo Peçanha faleceu em
22 de março de 1924.